Insistência em desmontar setor público agrava crise econômica
Os gestores das empresas multinacionais podem ser tudo, menos despreparados. A saída das três fábricas da montadora Ford no Brasil, da fábrica da General Mills de Nova Prata (RS) – responsável pela marca Yoki – da Sony de Manaus e de 11 lojas da gigante varejista Forever 21, todas anunciadas neste mês de janeiro aconteceram devido à insistência do governo Bolsonaro em manter a política de contração da atividade econômica, aprofundando o ajuste fiscal, o que inviabilizará a retomada da atividade econômica, seja em função do gigantesco corte de investimentos públicos, das reformas, do desmonte do setor público – serviço público e estatais – seja com demissões em massa no segmento, redução de sua estrutura e privatizações. Tudo isto, agravado pela pandemia do novo coronavírus.
A crise é anterior à pandemia. Um levantamento do IBGE divulgado em outubro passado mostra que o Brasil fechou mais empresas do que abriu nos últimos anos. Esse quadro é reflexo do cenário econômico brasileiro. Em 2019, pela primeira vez, o país desapareceu do Índice Global de Confiança para Investimentos Estrangeiros, publicado pela consultoria americana Kearney. A partir de entrevistas com 500 executivos das maiores multinacionais, o índice mede a perspectiva de investimento nos próximos três anos.
Ao contrário de outros países que investiram pesadamente recursos públicos para combater a crise social e econômica gerada pela pandemia do novo coronavírus o governo do Brasil investiu muito pouco. E o fez reclamando, repetindo que a solução para a crise seria o ajuste das contas públicas, com mais reformas, mais cortes de investimentos públicos; recusando-se a investir na vacinação contra a covid-19; na manutenção do auxílio emergencial e desmontando a estrutura de setores importantes do serviço público, como o Sistema Único de Saúde (SUS), do INSS e estatais como o Banco do Brasil.
Mais desmonte de estatais
Mas o desmonte das estatais não para por aí. A Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (Sest) aprovou oito PDVs para 2020 e 2021: BB; Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES); Banco do Nordeste (BNB); Caixa; Correios; Dataprev; Finep; e Serpro. Segundo a Secretaria, a Petrobras também divulgou a abertura de PDV, mas a empresa não necessita submetê-lo à Sest.
Esther Dweck, professora de Economia da UFRJ, frisou que as privatizações, ao contrário do que diz o governo, não ajudam a resolver as crises econômica e fiscal, pelo contrário, vão agravá-las. “As estatais, sobretudo os bancos públicos, são instrumentos importantes para o investimento na economia e, como são lucrativos, capitalizam o Estado com seus dividendos. Ao desfazer-se delas, o Estado reduz a sua capacidade de investimento e perde na arrecadação de impostos, levando a mais crise”, advertiu.
Fonte: Sind. dos Bancários RJ