Com o Brasil em crise sanitária e econômica, bancos continuam lucrando mais
Bradesco, Itaú e Santander veem seus ganhos saltarem no mesmo ritmo em que aumenta o assedio moral e a pressão por metas e a demissão de bancários.
A crise econômica, aprofundada pela pandemia da Covid-19 e pela política econômica recessiva do ministro da Economia Paulo Guedes, que atinge em cheio os setores produtivos, como a indústria e o comércio, e principalmente a vida dos trabalhadores, com desemprego e queda na renda média e no poder de compra das famílias, não passou nem perto dos bancos. O Sistema financeiro continua elevando ainda mais os seus lucros.
Em janeiro deste ano, a confiança do comércio caiu ao menor nível desde abril de 2021, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), atingindo 84,1 pontos, o menor nível desde abril do ano passado. Já na indústria, a confiança teve a sexta queda seguida em janeiro: caiu 1,7 ponto.
Ganhos em alta
O banco Bradesco informou na terça-feira passada (8) que registrou lucro líquido contábil de R$ 21,945 bilhões em 2021, uma alta de 32% em relação a 2020 (R$ 16,546 bilhões).
Maior banco privado do País, o Itaú Unibanco teve alta de 45% em seu lucro em 2021, na comparação com o ano anterior (R$ 26,9 bilhões). O Santander Brasil fechou 2021 com lucro de R$ 16,347 bilhões, uma alta de 7% em relação a 2020. Os três maiores bancos privados do país tiveram, juntos, um ganho de R$69,4 bi, alta média de 34,8%.
Emprego em baixa
Por trás dos resultados sem precedentes no mundo, o sistema financeiro nacional eleva os lucros aumentando a exploração dos funcionários, com assédio moral e pressão por metas e demissões sem levar em conta sequer a situação delicada da pandemia da Covid-19. Somente no período da crise sanitária, os cinco maiores bancos do país extinguiram 2.189 agências e encerraram 15,4 mil postos de trabalho. Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Itaú, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil somavam 389.179 trabalhadores em 2021, 2.532 a menos do que em 2020 e 15.406 do que em 2019. O resultado são unidades bancárias mais cheias, piora no atendimento aos clientes e aumento da sobrecarga de trabalho na categoria.
“O número de demissões na categoria só não é maior porque o Departamento Jurídico do Sindicato tem conseguido seguidas vitórias na Justiça Trabalhista, reintegrando bancários e bancárias”, explica o presidente da entidade, José Ferreira, que para a alegria de sindicalistas, amigos, funcionários e da categoria, está de volta, pouco a pouco, às atividades após superar um enfarto e um período de cerca de um mês de internação.
A boa notícia vem dos sindicatos: bancos antecipam PLR
Os bancários e bancárias sabem o quanto é importante a antecipação da segunda parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) neste início de ano. São impostos (IPTU, IPVA), contas e dívidas no cartão de crédito e despesas extras com material escolar e no caso de escolas privadas, matrícula e mensalidades.
“Nossa categoria, a primeira a conquistar a PLR, garantiu esta vitória com muita mobilização e unidade e nada mais justo do que os bancos atenderem ao movimento sindical e anteciparem a segunda parcela o quanto antes”, avalia José Ferreira, presidente do Sindicato do Rio.