A discriminação contra a mulher no mercado de trabalho
Segundo o texto divulgado pelo Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – sob o título “8 de Março, Dia de luta das mulheres por um mundo igualitário” , no final de 2017, a população brasileira compreendia 207,27 milhões de habitantes , desse total, a maioria eram mulheres, correspondendo a 51,7%. Dentre a população com idade de trabalhar, as mulheres também são majoritárias, correspondendo a 52,3% do total. Mesmo sendo maioria, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho brasileiro é de 52,5%, ou seja, do total de mulheres com idade para trabalhar, um pouco mais da metade está ocupada ou procurando emprego. No caso dos homens, este percentual é de 72%.
Ainda que a presença das mulheres no mercado de trabalho brasileiro permaneça bastante inferior à masculina, levando muitas à dependência econômica, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho vem aumentando paulatinamente. Em 2012, era de 50,7%, o que corresponde a um crescimento de 2,1 pontos percentuais (p.p.) até o último trimestre de 2017. No caso dos homens, a taxa de participação diminui 1 p.p. no mesmo período.
A maior participação feminina no mercado de trabalho, no entanto, não foi acompanhada no mesmo nível pelo crescimento da oferta de postos de trabalho para as mulheres. O que se observa pelos dados relacionados à taxa de desocupação feminina, que permaneceram em 14,2% no terceiro trimestre de 2017, chegando a um máximo de 15,8% no primeiro trimestre de 2017. Dentre os homens, o percentual permaneceu em 11%, chegando a um máximo de 12,1% no primeiro trimestre de 2017.
As taxas de desocupação femininas são historicamente superiores às masculinas. Isso ocorre mesmo em períodos de expansão e é explicado por diversos fatores, dentre os principais destaca-se o peso dos afazeres domésticos, principalmente sobre a população feminina, o que reflete na trajetória das mulheres no mercado de trabalho.
O estereótipo de mulher cuidadora, reforçado desde a infância, é determinante para definir os espaços femininos e masculinos na sociedade. Em pesquisa recente divulgada pelo IBGE, para o ano de 2016, indica que as mulheres trabalham em média 54 horas semanais, somadas as horas destinadas aos trabalhos remunerados e não remunerados, enquanto os homens dedicam 51,5 horas semanais às mesmas atividades. A sobrecarga de trabalho total das mulheres, indicam sua maior tendência à pobreza de tempo, ou seja, elas têm menos tempo para atividades de lazer e cuidados pessoais.
Em 2016, as mulheres dedicaram em média 20,9 horas semanais às atividades de cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos, quase o dobro da média masculina de 11,1 horas semanais, o que determina menor tempo delas às tarefas voltadas para o mercado. A segregação de gênero no mercado de trabalho, indica também as diferenças salariais entre homens e mulheres. O rendimento-médio por hora das mulheres é 13% inferior ao dos homens. Enquanto elas recebiam em 2016, remunerações médias de R$12,9/hora o rendimento masculino permaneceu em R$14,8/hora. Essas diferenças se aprofundam com o aumento da escolaridade, quanto mais escolarizadas, mais distantes da remuneração dos homens com o mesmo nível de instrução. Enquanto as mulheres “sem instrução ou com ensino fundamental incompleto” recebiam remunerações médias 17% inferiores aos dos homens no mesmo nível de instrução. Com ensino médio completo e superior incompleto” permaneceu em 24%. Já entre as mulheres com “Ensino Superior Completo ou mais” a diferença chega a 36%.
Afazeres domésticos
A falta de serviços públicos voltados para os cuidados penaliza principalmente as meninas de baixa renda. Em 2016, 34,6% das jovens entre 16 a 29 anos afirmaram que o principal motivo de não estarem estudando ou trabalhando era porque precisavam “cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos ou de outros parentes”. A situação deve piorar com a menor presença do Estado, a partir de medidas de austeridade, como o Novo Regime Fiscal que congela as despesas primárias por vinte anos.
Fonte: Sind. dos Bancários.