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Bancos lucram bilhões, mas negam cláusulas de manutenção dos empregos

20 ago 2015 | Categoria Geral | Enviado por | 0 Comentários

Na primeira rodada de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, nesta quarta-feira (19), no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, os representantes da Fenaban não aceitaram incluir na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) cláusula prevendo algum tipo de garantia do emprego para a categoria bancária. A presidenta do Sindicato, Adriana Nalesso, presente à negociação, criticou a negativa, já que os bancos, por serem altamente lucrativos, deveriam ter responsabilidade social e fazer constar na CCT mecanismos de preservação dos postos de trabalho.
“Para nós este é um debate central. Até porque uma consulta nacional mostrou que os bancários encaram este tema como algo muito importante para a categoria, o que foi confirmado na conferência nacional. Temos que sair desta campanha com alguma forma de proteção aos postos de trabalho”, afirmou. Entre outros pontos negociados, mas que foram igualmente negados pelos representantes dos banqueiros, estão o fim das demissões, da rotatividade e o combate à terceirização.
Bancos negam a realidade
Os representantes da Fenaban parecem viver num outro país. Negaram que a rotatividade da mão de obra seja alta no sistema financeiro e que esta prática acabe por promover o achatamento do salário. Contestaram os dados apresentados pelo Comando que comprovam a alta rotatividade, fornecidos pelo Comando Nacional, a partir dos números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), ambos do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), e dos balanços dos próprios bancos. Afirmaram que as informações dos bancos são outras, “baseadas em dados do setor”.
Negaram que a sobrecarga de trabalho gerada pelas demissões aumente o adoecimento, alegando que os avanços tecnológicos impedem que isto aconteça. Quando os dirigentes do Comando Nacional reivindicaram a inclusão na CCT da Convenção 158 da Organização do Trabalho (OIT), que cria mecanismos para evitar demissões imotivadas, afastaram a possibilidade, dizendo não serem favoráveis a isto. Também rejeitaram a reivindicação de inclusão de cláusula prevendo garantia no emprego por cinco anos aos bancários nos casos de fusões, incorporações e reestruturações.
Desemprego é alto nos bancos
Os bancários têm todos os motivos para ver na garantia do emprego uma questão prioritária. A verdade, negada pela Fenaban, é que os bancos que operam no Brasil fecharam 2.795 postos de trabalho nos primeiros seis meses de 2015, de acordo com a Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), divulgada pela Contraf-CUT. As reduções mais expressivas ocorreram no Rio de Janeiro (-771), Minas Gerais (-484) e São Paulo (-458).
Somente o Itaú, Bradesco e Santander, do primeiro semestre de 2014 ao primeiro semestre de 2015, fecharam 6.032 postos de trabalho. No mesmo período, os três bancos tiveram um crescimento de 22,3% no seu lucro líquido. No início dos anos 1990, o Brasil tinha 732 mil bancários. Em 2013, esse número caiu para 511 mil, segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), do Ministério do Trabalho e Emprego. No momento, 21 mil bancários do HSBC, adquirido pelo Bradesco, correm risco de demissão.

 

Fonte: BancáriosRio