Mães Bancárias
Como dizia o poeta, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Mães conhecem bem esses dois lados da história. O prazer imenso de criar seus filhos e as dificuldades que às vezes parecem intransponíveis para “dar conta de tudo”, como a vida nos cobra.
Nunca foi fácil, mas ultimamente tem sido pior. Se o mercado de trabalho é um desafio constante para todos, e mais ainda para as mulheres, imagine para as que são mães. Pesquisa recente, realizada por uma empresa de recrutamento e seleção, apontou que 28% das mulheres deixam seus postos após darem à luz. Pode ser opção, mas em muitos casos é resultado de uma combinação perversa de falta de rede de apoio, excesso de responsabilidade da mãe na criação dos filhos e discriminação por parte das empresas.
Quem é mãe e bancária vive em busca desse equilíbrio distante e complexo: cumprir horários rígidos, atingir metas, atender ao público, lidar com recursos dos clientes, resistir à pressão dos bancos, manter o corpo e a cabeça em dia e cuidar de seus filhos, da educação deles, da saúde, do carinho de que tanto precisam.
Mães que trabalham lidam diariamente com a culpa num mundo de cobranças intensas. O futuro e a educação de nossos filhos são preocupações centrais. E elas estão fortemente abalada pelas ações desastrosas do atual governo e também pela falta de medidas efetivas na resolução dos problemas do país, num modo de governar baseado em postagens sórdidas no Twitter. Como confiar no futuro com o desemprego atingindo a 13 milhões e 400 mil pessoas, se não há nenhuma política pública para impedir que esse poço se aprofunde a cada mês? Como manter o padrão de vida da família, se os direitos estão sendo dizimados e a ameaça de desemprego paira sobre as nossas cabeças? Como convencer os filhos que devem investir na educação, se o governo nos diz que ela não é importante, corta radicalmente os recursos e coloca em risco o sonho da maioria de cursar uma universidade pública, gratuita e de qualidade? Como seguir com esperança se a própria aposentadoria está ameaçada e os filhos, então, nunca terão direito ao benefício, se a “reforma” passar?
Segundo o IBGE, 40% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres. Sim, um número imenso. Muitas são mães que neste domingo vão comemorar o seu dia. Que seja uma comemoração linda, afetuosa, inspiradora para que, ao compartilhar carinho com os nossos, tenhamos forças para seguir entre as dores e delícias de sermos o que somos.
Fonte: Sin. dos Bancários Rj